Como Melhorar a Experiência de Viajar?
- Fernanda Paula
- 24 de nov. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de nov. de 2024

Viajar Faz Parte de Nós
Viajar é um comportamento intrínseco da nossa espécie. Um chamado interno amalgamado entre a necessidade biológica e a curiosidade inata em cada um de nós.
Podemos dizer que começamos a nos deslocar para encontrar abrigo e comida, e, posteriormente, para descobrir outros mundos - muito além do horizonte.
O ato de viajar é um elemento desejável do imaginário humano. A busca pelo desconhecido e a curiosidade, encheu-nos de coragem e lançou-nos aos sete mares.
Hoje, após explorarmos todos os quatro cantos do Planeta, continuamos viajando, mas, em certa medida, de forma padronizada - consequência do mundo pós-moderno. Tratei um pouco das causas dessa padronização, no post sobre as origens da viagem lenta.
Lá, descrevi como a sociedade de consumo que construímos, interferiu profundamente em todas as esferas da nossa vida - do trabalho, às relações sociais e ao lazer.
Como deixar de seguir esse fluxo incessante e acelerado é um tema filosófico de grande importância - talvez o mais importante de todos - mas que não trataremos aqui, por enquanto.
Focaremos, por agora, em como trazer de volta às nossas viagens, àquela sensação prazerosa de novidade e encantamento que perdemos ao longo do tempo.

Experimentando Novos Hábitos
O tema viajar é muito diverso e subjetivo. Por isso, tentar elencar regras de ouro de como melhorar esta experiência, parece ser uma tarefa desnecessária.
Contudo, o que trago aqui é uma reflexão - a partir de algumas mudanças que considero possíveis e positivas - que mudaram meu modo de viajar.
Partindo dos princípios da Viagem Lenta - Slow Travel - considere as seguintes indagações:
1. Preciso planejar tudo nos mínimos detalhes?
Planejar é importante, óbvio! Mas, não prenda-se com tanta rigidez a um roteiro. Nem sempre tudo sai como imaginamos, e, antes de entregar-se ao desânimo - caso algo saia errado - tente fazer uma limonada do limão!
Explore outras opções nos arredores, caso haja, por exemplo, uma fila enorme pela frente! Converse com os moradores locais e descubra novos lugares até mais interessantes; abra-se à novas experiências que podem surgir e aproveite oportunidades inesperadas.
Com o tempo, uma viagem mais despretensiosa pode tornar-se uma opção libertadora e proporcionar vivências mais genuínas com àquele ar de novidade e descoberta que tanto apreciamos.
2. Qual é o meu ritmo pessoal?
Você é uma pessoa diurna, vespertina ou noturna? Em qual ou quais desses períodos sente-se mais disposto? Talvez saber disso, possa te dar uma dica sobre seu ritmo pessoal.
Tendo isso em mente, escolha o seu melhor horário para visitar as atrações do lugar; ou, se não quiser fazer nada, reserve esse dia apenas para relaxar e desacelerar. Isso também faz parte da viagem, e, às vezes, é desencorajado pelos outros.
Esqueça as pressões sociais: se precisar descansar, descanse! Faça àquele passeio para quando estiver realmente motivado.
Desfrute o momento com atenção e curiosidade. Não tente visitar tudo no mesmo dia - o que não foi possível ver, deixe para uma outra oportunidade.
3. Preciso visitar o máximo de atrações possível?
Este é talvez o maior desafio e o pior hábito que estamos acostumados a fazer. Afinal de contas, são poucos dias e muito o que visitar, não é mesmo?
Contudo, pare e reflita: vale a pena passar correndo pelo maior número possível de atrações e no final, não saber nada sobre elas, ou - aproveitar demoradamente, com calma e tranquilidade, conhecendo a história e as características interessantes de apenas uma, e, realmente, experienciá-la?
Procure escolher atividades e lugares que você realmente goste - reserve um tempo longo para estar ali.
Se gosta de caminhar, conheça o perímetro; se gosta de ler, conheça os sebos e livrarias; se aprecia uma boa refeição, saboreie!...
4. Não posso deixar de fotografar e filmar tudo!
Repensar quando e como usar as redes sociais é essencial se desejamos mudar alguns hábitos de viajante.
Tente desfrutar o passeio em primeiro lugar, e, só depois, (se desejar) registre o momento. Parece difícil no começo, mas, com o tempo, pode ser libertador!
5. Como posso aproveitar melhor o tempo da viagem?
Para desfrutar melhor a viagem, considere reservar um tempo longo para estar ali. O que isso significa? Significa dar mais atenção àquilo que você realmente gosta.
Foque na qualidade do passeio, apreciando com calma o ambiente ao seu redor e o que acontece nele naquele momento.
Exercite o hábito de colocar seus pensamentos no presente, deixando-se mergulhar naquilo que o encanta; que desperta sua curiosidade ou que proporcione bem-estar.
Preste mais atenção à arquitetura e ao cotidiano do lugar, frequentando, por exemplo, as feiras livres. Caminhe pelos bairros, e não só pelo centro da cidade.
Faça pausas sentando no banquinho da praça ou puxando uma conversa com um morador local. Muitos passeios interessantes podem surgir a partir de um bom bate-papo.
Segundo os princípios do Slow Travel, o turista, deveria tornar-se parte do lugar no qual está visitando, e não um mero espectador sazonal e passivo.
Esses pequenos hábitos podem mudar a maneira de enxergar e experimentar o ambiente, trazendo de volta àquela sensação gostosa de novidade e contentamento da viagem.

Aprendizagem Para a Vida Toda
Há algum tempo, deixei de lado àquela lista de itens imperdíveis para fazer e ver durante uma viagem.
Além disso, diminui significativamente a quantidade de fotos e vídeos que registrava durante o passeio. Isso me deu mais liberdade e desprendimento, e fez com que o tempo passasse mais devagar.
Hoje, considero que aproveito mais o momento e as experiências com muito mais satisfação. Ademais, como observo os lugares com mais atenção, consigo aprofundar-me àquela realidade e entender melhor como ela funciona.
Esse novo jeito de experimentar um destino, torna-nos mais reflexivos e tolerantes não só com o lugar no qual estamos visitando, mas, também - retornando - com a nossa própria realidade.
Somos outro quando voltamos para casa. O desafio, no entanto, é perdurar as novas e positivas mudanças, e aplicá-las no cotidiano.
Todas essas dicas e reflexões surgiram aos poucos durante meus vinte e tantos anos de viajante. Espero que alguma delas possam ajudá-los!
🐌 GUIA BÁSICO DO SLOW TRAVEL:
*Nota: Este post é um editorial.
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